O surpreendente em "Albert Nobbs"
Surpreender. Eis um desejo comum
aos produtores culturais. Todavia, o surpreendente parece uma feliz realização
quando não se leva em conta que pode ser fruto tanto de considerações positivas
quanto negativas. E nesta concepção do surpreendente entre o bom e o ruim pairar o filme Albert Nobbs.
O roteiro é muito bom, baseado no
conto do romancista irlandês George Moore. A produção foi feita pela Irlanda e
Reino Unido, e o filme dirigido por Rodrigo García. A história se passa na Irlanda, no
século XIX. Trata-se de um drama, a trajetória de uma mulher que se passa por
homem para vencer as dificuldades de viver numa sociedade tradicional.
Trabalhando como garçom, a mulher
junta dinheiro para realizar o sonho de ter um pequeno comércio. No desenrolar da história entram em cena questões que marcam o período, como a escassez de
empregos, a vulnerabilidade dos pobres e especialmente das mulheres, as
epidemias e a esperança de fazer a vida na América.
As atuações de Glen Close e Janet
Mc Teer são excelentes. A primeira na sobriedade de um dedicado garçom, e a
segunda interpretando um eficiente pintor, ambas investidas em segredos que as
fazem cúmplices. Mesmo sem grande empatia, o elenco
colabora com a história. A caracterização, o figurino e o trabalho da arte não
falham. A fotografia é muito boa. A edição é honesta, de modo a nem
potencializar, nem comprometer. E por mais pontos positivos que possam ser apontados,
o produto final surpreende, deixando o espectador com a conformada frase “então
tá”, e não passa disso.
Comentários