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Mostrando postagens de janeiro, 2008

Vigiai o que fala, lê e escreve

Eu moro numa cidade pequena. De fato nem tão pequena, mas que todo mundo se conhece. Não é o se conhecer de saber a cor favorita e o dia do aniversário. É aquele conhecer velado, aquele que identificamos o ser de algum lugar, sabemos que ele estudou sei lá onde, é amigo ou chegado de sei lá quem, mora nas redondezas do bairro tal e trabalho nisso ou naquilo. Claro, isso é matéria-prima para a boa e velha fofoca. Convenhamos, o mundo não acontece sem a fofoca. Uma simples pedalada pela orla é como entrar num túnel do tempo, ou perceber o quanto você ta amarrado numa trama enorme. Eu sou só um pouquinho neurótica e tal coisa me deixa assustadíssima, faltando nada pra largar a bicicleta e sair correndo. É a minha cara fazer uma estupidez dessas. É olhar nos olhos de uma pessoa qualquer que está no ponto de ônibus e ela abre um sorriso sem tamanho, como quem engoliu um cabide, e dispara que você ta sumido, que o pessoal se encontrou quinta passada na Cantareira, que fulana tá grávida (is

Chove chuva/chove sem parar

Ontem foi um dia chuvoso. Aliás, a chuva foi a personagem principal do dia, não saiu de cena um só minuto. Por vezes sua atuação era rala, fraquinha, mas sempre ela em cena. A baixa temperatura e luminosidade me enterraram no sofá, numa falta de postura muito convidativa a um cochilo. Pensei logo que num dia assim Djavan bem compôs: um dia frio/um bom lugar pra ler um livro. Segui tal sugestão. Eu diria que sou uma completa devassa no quesito leitura. Tudo bem, talvez até em outros mais que não vêm ao caso. As vezes me incomoda não conseguir ler apenas um livro. Adoraria a monogamia que me levaria a consumir ávida e disciplinarmente um livro por vez. Minha tara, impaciência e leviandade me fazem ler, na atualidade, três livros. Diga-se de passagem que a quantidade é nada mediante a diversidade. A saber, leio “Poço da Solidão”, de Mary Radcliff-Hall, “Na trilha do Jeca” de Enio Passiani e releio de Bukowski,”Crônicas de um amor louco”. Essa promiscuidade pode parecer sem critério. Não

Vale o Escrito

Eu amo escrever. Escrever certamente está entre as coisas que eu mais gosto de fazer. Pode até ser que não figure entre as coisas que eu faço melhor, mas faço com muito gosto. Chega a ser engraçado eu falar como gralha e um segundo depois lamentar ter dito e não escrito. E pior do que falar e não escrever é pensar e não escrever. Quando você fala ao menos alguém ouviu. Escrever é legal, é interessante, é algo que propaga muito firmemente distinções, seja de personalidade pelo que expressa, seja de formação pelo modo como expressa. Contudo, para escrever é preciso suporte. No mínimo um papel e algo que imprima, seja um lápis, uma caneta, um hidrocor, vai lá, até um baton. Não é raro virem as idéias, a intenção e esbarrarem com a ausência de suporte. Certa altura ouvi dizer que o Padre Anchieta, por falta de apetrechos mais apropriados, escrevia na areia. Até que as ondas levassem seus escritos havia tempo para memoriza-los. O inconveniente das marés exercitava bem a mente de tal fig

Até então, só o ano é novo

Momento de clichês. O primeiro a ser descaracterizado é o “ano novo, vida nova”. Para mim, ano novo, e a bobeira de sempre. Contudo, se a frase não denota agencia transformadora, a temática que inspira meu post sim. Darei um pulo esse ano. Minha famigerada carteira de trabalho virgem esse ano será inaugurada. E não será uma inauguração qualquer, será em grande estilo. Eu estive pensando que eu penso muito. Enquanto eu penso tem gente que faz. Eu pensando merda, e um bando de gente executando. Arregaçarei as mangas. Para ser mais franca, não me contentarei num mero arregaçamento, irei mesmo me despir. Andei vislumbrando profissões e mais profissões, e basta de me esquivar desta ou de outra atividade por preconceito ou algo que o valha. Quem quer trabalhar, trabalha. Então, dia desses numa boate de reputação não das mais familiares eu vi que estava a um passo para mudar de vida. Ambiente escuro, com luzes coloridas piscando confusamente, música alta, várias pessoas se movimentando qu