Vigiai o que fala, lê e escreve
Eu moro numa cidade pequena. De fato nem tão pequena, mas que todo mundo se conhece. Não é o se conhecer de saber a cor favorita e o dia do aniversário. É aquele conhecer velado, aquele que identificamos o ser de algum lugar, sabemos que ele estudou sei lá onde, é amigo ou chegado de sei lá quem, mora nas redondezas do bairro tal e trabalho nisso ou naquilo. Claro, isso é matéria-prima para a boa e velha fofoca. Convenhamos, o mundo não acontece sem a fofoca. Uma simples pedalada pela orla é como entrar num túnel do tempo, ou perceber o quanto você ta amarrado numa trama enorme. Eu sou só um pouquinho neurótica e tal coisa me deixa assustadíssima, faltando nada pra largar a bicicleta e sair correndo. É a minha cara fazer uma estupidez dessas. É olhar nos olhos de uma pessoa qualquer que está no ponto de ônibus e ela abre um sorriso sem tamanho, como quem engoliu um cabide, e dispara que você ta sumido, que o pessoal se encontrou quinta passada na Cantareira, que fulana tá grávida (is