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Mostrando postagens de julho, 2011

"You know I'm no good" antes de apelo é digno de aplauso

Amy Winehouse morreu. Muitas lágrimas derramadas pelo mundo, comoção, flores, frases e até brincadeiras de gosto duvidoso a respeito da morte prematura da cantora. Na mídia há uma informação irrefutável: o talento. E outras informações dispersas sobre o consumo abusivo do álcool e drogas. Os jornalistas, as figuras públicas e o grosso da população não estão poupando opiniões que condenam o comportamento da Amy Winehouse. Entretanto, poucos são os que refletem sobre a vida. Sim, aquele brilho existencial que anima cada um e todos os seres vivos. Aliás, sendo um tanto mais profunda, a dor é pela perda da cantora ou da criatura? Afinal, a perda dos pais e amigos da Amy Winehouse é incomparável com a minha perda e a de quem me lê. Amy Winehouse teve uma carreira meteórica. O talento estava dentro dela, muito provavelmente chocado com uma boa dose de inconformidade com o mundo como ele é, culminando numa construção artística de sua postura: irreverência, embriaguês, alucinações e fugas para

Alegria é com gente bacana e alergia é com gente chata

Uma criatura sensível que freqüentava meu círculo de amizades na juventude certa vez me mostrou uma música da sua banda que dizia “ninguém te ama por mais de cinco minutos”. Na época achei a frase forte e quase cruel. Hoje em dia percebo de modo diferente, cruel e quase forte. O fato é que independente do que eu acho a frase não se perdeu no tempo, permanece. E é um start interessante para refletir sobre a fragilidade do ser humano. Dentro de nós tem um buraco que talvez possamos chamar de vazio, carência, enfim, do que for. O fato é que há em nós algo que não comporta a idéia ou sensação do pleno, saciedade, preenchimento. Todo ser humano, enquanto há vida, precisa de alguma forma lidar com esse hole. E no afã de encontrar o que não existe colocamos tudo e qualquer coisa pra dentro. Comida, bebida, vídeo, música, poesia, eletrônicos, informações, roupa da moda, drogas e até pessoas. Sim, as pessoas também entram no buraco. E talvez as pessoas sejam o que melhor habitam o vazio. De fat

Música para pairar

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Já que o meu "eu" resolveu falar, não vou calar. Enfim, o que tenho pra partilhar hoje é uma música. É incrível como os sons se instalam em nossas memórias. Essa música do Belle and Sebastian eu baixei nos idos de 2005/2006, época em que MP3 player era uma traquitana cara. Enfim, MP3 como companheiro e lá fui para Portugal, fugindo de mim. Mudei o eixo, mas a vida prosseguia. Várias convulsões acontecendo e essa música de background. Eu caminhava a tarde, sob o sol fraco e a inclemência de um vento frio cortante, pela orla da praia de São Sebastião, na Ericeira. A música se repetia e dava ritmo para as minhas passadas e inspiração para meus pensamentos. Hoje ouço a música e refaço os caminhos. Tenho a sorte de conseguir me reinventar. E quero sempre mais... Fora qualquer coisa, a música é muito bacana, meiga, sei lá. O que você acha?

Entre ...

Exercício do eu

Consigo escrever sobre o cotidiano, de modo engraçado ou sério. Consigo escrever sobre as questões que emanam da esfera política, social ou cultural, de modo imparcial ou inflamado. Porém, para escrever sobre os meus sentimentos sou comedida. E digo comedida porque acredito que me imponho uma espécie de censura. E por mais que eu escreva, tá sempre aquém do que eu sinto e tenho pra externalizar, ta sempre melindroso. É como se a pessoa que escreve, eu, fosse uma entidade, um vulto, qualquer coisa menos humana e mais mecânica. Enfim, se o caso é falta de prática, estou eu pra praticar. O sentimento central dessas parcas linhas é a frustração. É árduo tecer o que for a esse respeito. Entretanto, a frustração está por trás dos postes nas ruas, e quando menos esperamos ela se atira em nossos rumos. E a frustração tem proporções inúmeras, desde as muito pequenas, até as opulentas. Umas aparecem rapidinho e logo passam. Outras perduram e fazem zombarias conosco nos dias chuvosos de solidão e