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Mostrando postagens de novembro, 2009

Narciso, o espelho e a esfinge

Nós estamos reféns do adágio “ver para crer”. Nunca no mundo houve uma difusão tão intensa de imagens. Não damos importância a algo que não esteja registrado em imagens. Se não há imagens, é como se não existisse. Ou seja, algo ganha existência social a partir do momento que sua imagem passa a circular. É interessante refletir um pouco sobre a questão da imagem, fixa ou em movimento. Os primeiros estudos sobre a câmera escura não seriam eficientes para prever o seu desenvolvimento e popularização no futuro. Da câmera escura para as potentes câmeras digitais da atualidade há um salto promovido por tecnologias óticas no apuro das lentes, e digitais na diversificação e potencialização de recursos. Porém, o fim último é o mesmo: cristalizar uma imagem. O cinetoscópio e as projeções dos irmãos Lumiere não conseguiriam dar conta do fascínio e êxtase provocado pelas imagens seqüências que pela velocidade nos proporcionam a hipnotizante sensação de movimento. Como se a ilusão do movimento não

Pós Modernidade em três tempos

O que é modernidade? Não nos faltam conceitos ou frases prontas para dar conta da categoria modernidade. Talvez haja uma espécie de unanimidade inocente que resolve a modernidade com a idéia de novo, e junto desse novo uma série de atributos positivos. Não pretendo desenvolver uma discussão densa sobre a modernidade, porém me instiga ilustrar um pouco do cotidiano de uma suposta pós modernidade, pautada mais especificamente no neoliberalismo, em três tempos. No trabalho Todos os dias, no horário destinado para o almoço, eu me direcionava para o enorme restaurante central da empresa para a qual presto serviços. No restaurante há filas para vários tipos de comida, desde os que devem evitar sal, passando pelas comidas pesadas, uma fila para massas, para omeletes, para comida japonesa e até para quem prefere saladas, como é o meu caso. Bandeja, um prato, talheres. Eu ia selecionando os ingredientes e uma funcionária me servia. Tratava-se de uma rotina, já que raramente eu me dispunha a co

É bom encontrar / É bom guardar

Felizmente o frenesi da leitura bateu em mim. Eu já estava farta, me achando uma rude por não ter paciência pra ler dez páginas que fossem. Claro, por obrigação acabo lendo muito mais do que isso, mas falo ler espontaneamente. Enfim, combati a distância das leituras com um remédio perfeito: li um bom livro. Os livros são como as pessoas. Têm capa, orelha com promessas, e conteúdo. O conteúdo e a forma como é construído muda. A capa pode ser discreta ou bastante vistosa. A orelha pode conter informações fidedignas ou falsas. Porém, o balanço desses fatores, para o bem ou para o mal, vezes agrada a uns mais do que a outros, agrada a poucos, e há até os que agradam a quase todos, eis um balanço precioso. Acredito então que encontrei uma pessoa encantadora, ou seja, um livro que me seduziu. Me fez ler cada uma de suas linhas, parágrafos e páginas avidamente. Não podia ter uns minutos livres e já pensava nele, em tudo o que poderia ter pra me dizer num próximo encontro. Olhava para a capa e