Postagens

Mostrando postagens de 2014

Frankfurt não é mais a mesma, e sequer uma pedra seria

Imagem
Em 2011 estive em Frankfurt. Desta visita recordo com graça das folhagens vermelhas, alaranjadas e amarelas, as quais me iluminaram associações para a escolha do amarelo na bandeira alemã. Pode não ter relação alguma, mas a vegetação é sim um trunfo, um elemento significativo, um tom muito próprio, e portanto distinto, que contrasta feliz com o acinzentado e ocre das construções. Mas Frankfurt não é a Alemanha, embora condense muito do que possa caracterizá-la, a despeito de não ser a capital do país. Minha admiração com Frankfurt não se resumiu à vegetação ou imponência das edificações em pedra. A população me impactou. No imaginário de quem habita a américa, a europa é o repositório e a matriz da cultura e da civilização ocidental, e a alemanha o bastião da pureza. Enfim, é pensar em um alemão e vemos aquele sujeito branco, loiro, enorme. E se pensarmos com mais detalhes, ele bebe cerveja e se veste emperequetado como no folclore propagado pela oktober fest. Pois bem, esse alemã

Croácia, um destino certo

Imagem
É simplesmente impossível um brasileiro não se encantar pela Croácia. Do que nos identifica, a matriz católica e a diversidade da extensão territorial. Do que nos distingue, um histórico recente de guerra. Não é honesto definir a Croácia como um país cujas atrações são as praias. Claro que a orla é magistral, mas se distanciando da orla o encanto fica por conta de densas florestas, vilarejos, vales e montanhas. Enfim, as paisagens naturais são um desbunde, com destaque para os parques com vegetação e lagos com cores invulgares, incríveis. E mesmo com paisagens suspirantes, o inesquecível é a população. Refratários como os europeus, a um mero convite para a interação se abrem bem ao estilo dos brasileiros, aptos a ajudar no que for, como for, mesmo ainda que não entendam uma só palavra do que você diz. Na primeira vez que presenciei essa presteza, acreditei ser um caso excepcional. Conforme me deparei com outras dificuldades, percebi que era uma constante. Em conversa com uma cro

Garota Exemplar

Ao criar um blogger a minha intenção era a de partilhar contos, crônicas e amenidades. De uns tempos para cá ficou bem reduzido o tempo que posso dedicar a esse prazer, e creio até que na mesma medida em que reduziram os que se interessavam pelo que eu escrevo. Mas notei a vitalidade de um dos meus mais intensos estímulos para escrever, o cinema. De minha parte não há qualquer pretensão de posar de crítica especializada da sétima arte, seria uma ousadia estúpida. O que há é um inexplicável prazer de expor como recebo e reajo a esse produtos, incitando nos leitores não o consentimento ou mero desejo de experimentar o produto, mas a reflexão, o diálogo, a desnaturalização dos conteúdos que circulam, tomando os filmes como fenômenos sociais que, como tal, falam do nosso tempo. Enfim, allons ... Em cartaz "Garota Exemplar". Me indicaram o filme por ser a adaptação de um livro, mas de fato nada eu sabia sobre o livro. Curto me aventurar em casos como esse em que me faltam inf

Anule o branco

Respeito a opinião de todos, mas percebo que há um número considerável de pessoas defendendo o voto em branco ou o mero não comparecimento como forma de manifestar seu descontentamento, sua descrença política. Parece "atitude", mas tá mais para indolência e covardia.  Dá trabalho pesquisar, ler, dialogar com as propostas de um e de outro. É cômodo dar uma qualidade para o todo e virar as costas, como se não tivéssemos nada a ver com isso. Mas sinto informar que essa atitude n ão muda nada, não te exime do processo, não te torna um cidadão isento de responsabilidades, tampouco deixa claro para nosso sistema político a sua insatisfação. Não dá para esperar um país melhor sendo um cidadão medíocre. E se os representantes parecem muito ruins, que fique claro que eles não vieram de uma bolha e sim da nossa sociedade, da nossa cultura, carregando portanto nossas virtudes e vícios. Se formos cidadãos mais conscientes, críticos e responsáveis, não tenham dúvidas de que em algum

Do que não é tão óbvio sobre tempo e espaço

Sei que já não sou uma garotinha, mas sigo sem dominar calendários e mapas. Não adianta anotar na agenda, não adianta waze, não adianta programar no celular, não adianta guias e rotas com desenhos esquemáticos. E claro que isso é desde que me entendo por gente. Na época de escola, sentava para assistir a aula mas para minha surpresa era dia de prova. Na adolescência, recordo como auge o dia em que fui fazer vestibular, marcado num dia X às 7h. Fui de manhã, seguindo o turno das outras provas, mas essa seria 7h da noite. Eu reparava que ninguém chegava, e o local estava vazio, até que um segurança sentou-se ao meu lado e sugeriu que eu fosse para casa, descansar para retornar a noite. Adulta, marcava com amigas de ir ao cinema em um bairro, e acabava assistindo o filme sozinha numa sala errada, pois no bairro tinha mais de um cinema, me guiei por um mapa, entrei no horário programado mas no filme errado, me confundi legal enquanto minhas amigas me aguardavam ali bem