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Mostrando postagens de 2008

A cultura da intrusão

Se há algo que me incomoda, definitivamente, é o intrometimento. Por mais que se diga que nas grandes metrópoles as pessoas são impessoais e individuais, tudo isso não passa de conversa. O intrometimento e controle não são tão rigorosos quanto em quaisquer cidades pequenas, porém nas metrópoles são muitíssimo sofisticado, camuflado. Duvida? Você precisa comprar um sutiã, peça bem íntima. No caso você deseja uma peça bem ousada, pra uma noite “caliente”. Você vai até uma loja de “moda íntima” (eu chamaria de loja de calcinhas, simplesmente. Mas aprendi em Friburgo que há um termo elegante pra coisa), circula e a atendente vem cheia de interesse. Esse interesse deveria ser o de vender, mas logo ela demonstra que esse é secundário. Ela pergunta se pode ajudar e você explica que quer um sutiã, de renda, vermelho. A primeira intromissão é perguntar pra quem é. De fato não interessa, já que você pode ter em mente o tamanho e isso basta. Tudo bem, você diz que é pra você. A segunda é pergunt

O mundo não está a salvo dos heróis

Você pode se sentir fraco, desamparado, desprotegido, a mercê da própria sorte no caos urbano. Todavia, se for mais atencioso e aguçar o olhar, irá perceber que estamos rodeados de super-heróis. Eles estão por todo parte, só não ouse precisar da ajuda deles. Eles são meramente figurativos, com ênfase na idéia de figuras. As crianças não têm nenhuma reserva em vestir a roupa de super-heróis e ganhar o mundo, na crença nem tão vã de que estão prestando serviços à humanidade. Nos shoppings, nos restaurantes, nas praças, na praia, nos ônibus, nas calçadas, estão as crianças fantasiadas dos pés à cabeça, ou até mais timidamente com quaisquer acessórios, gritando ou insinuando ao que vieram, abusando do ideal de super-heróis. Eu poderia enumerar os super-heróis que venho me deparando, contudo, seria uma lista extensa demais para esse pobre blogger. Ficarei com os mais freqüentes, campeões de “homenagens”. Encabeça a lista o homem-aranha. Na seqüência, tem o super-homem e o Batman, brigando a

A Biologia Social

Vamos admitir, o tédio de domingo acomete a todos. E não creio que alguém consiga se livrar de no mínimo uns minutos diante da televisão. O famigerado dia de descanso aborrece um bocado. Faustão, Silvio Santos, Gugu, futebol e Fantástico. Um desses, com sorte, você vê. Com azar vê todos. Então, eu com sorte domingo vi o fantástico. O escritor Dr . Dráuzio Varela fazia a locução de uma daquelas manjadíssimas séries da BBC sobre a vida humana. Nada mais a calhar do que a locução de um médico, a fim de transmitir um mínimo de credibilidade àquelas imagens. Até então, tudo coerente. Não estou acompanhando a série regularmente, só sei que nesse domingo Dr. Dráuzio Carandiru falava sobre a fase adulta para a velhice, iniciando por volta dos 40 anos. Enfatizou logo a desgraça que o sol faz à pele, que as células vão ficando cansadas e que há uma desaceleração do organismo. Aliás, ele disse que por volta dos 40 o ser humano já produziu em média uns 40 quilos de resíduos de células mortas. Difí

A segunda tá com gostinho de primeira

Essa segunda-feira é atípica. Não um pouco diferente. É diferente mesmo. Ainda estou pela manhã, contudo, acordei com uma disposição incrível. Eram 5h da manhã quando acordei sorrindo. Deixa estar que fui dormir às 2h. Pensei, não é possível. Olhei pela janela e uma luminosidade excessiva feriu-me os olhos. Fechei uns segundos mais, teimosamente, tentei olhar de novo para a rua. Realmente, nada de trânsito. O sol era o de umas 11h, mas ainda eram cinco. E que disposição! Fosse dia de maratona eu correria mesmo sem estar inscrita. Rodei pela sala, pensei em tomar café da manhã. Um enjôo me dissuadiu. Pesei em caminhar na praia. Rapidamente já ia me direcionando pra trocar de roupa, colocar a minha fantasia de atleta, mas eis que desisti. Pensei que saindo naquela hora, na ida ou na volta da caminhada, iria encontrar um batalhão de zumbis indo para o trabalho, ou de velhotes relax indo para a ginástica. Não vinha muito a calhar, pois mais que habitualmente estou num momento sociopata, se

Como lidar com isso ou aquilo?

Gente, eu estou com medo. Sim, muito medo. Meu temor é que a lida faça com que eu abandone hábitos que sempre julguei de extrema relevância. Calma, hei de explicar o horror que assombra meus pensamentos. O intuito é o de que meu desabafo, ou a palavra de vocês a respeito dele, me traga algum alento. Ando trabalhando bastante. O trabalho em si é bom, contudo, prima pela exaustão. Ou seja, se não fosse pela obrigação e exaustão seria até um lazer, mas é mesmo trabalho. O atenuante do ceder as horas livres para alguma atividade produtiva é o pagamento. Esse sim, muito me encanta. Porém, é substimar o trabalho, no meu caso, acreditar que apenas cedo minhas horas livres. Cedo junto ao meu tempo minha mente, minha criatividade, minhas forças, minha liberdade de escolha. Me volto à demanda do trabalho e praticamente anulo as coisas que com o tempo todo para mim costumo fazer. Entre estas coisas estão a audiência, a leitura e a escrita. Na atividade profissional que eu desenvolvo preciso assis

Algo estranho no ar

Eu bem sei que nem é de se dar falta, mas eu tô sumida. Não é aquela famosa crise do não ter nada pra escrever. Ao contrário, tenho pautas inúmeras. Embora eu não seja dada a escrever no blogger meu cotidiano, creio que estando fora de casa a coisa muda de figura, já há um tom de ineditismo. Vale a pena falar do que ando vendo e fazendo. Pra começo de post adianto que concluí mais uma graduação. Agora além de graduada em comunicação com habilitação em publicidade, sou graduada em ciências sociais. Gente, um luxo! Só o predicativo continua o mesmo: desempregada. É o que eu sempre pergunto: Pra quê tanta erudição???? A resposta é óbvia: Eu não sei. Então, finda a faculdade resolvi me presentear. Rumei com minha irmã para o extremo sul do nosso país. Mas isso foi o plano B. O plano A era ir para algum país vizinho, como o Uruguai ou Argentina, mas foi abortado porque os documentos da minha irmã estão vencidos. Ao menos o episódio me serviu para entender a necessidade do documento de ident

Corremos para os braços de Morpheu

Desde a lida mais remota da consciência do ser humano abundam preocupações e elaborações sobre o sono. Ela inspira histórias diversas, seja a Bela Adormecida, seja o soneca dos sete anões, seja na mitologia a história de Morpheu. Pode ser idiota ter que admitir, mas o descanso, a reposição das energias, o reequilíbrio do corpo, se dá através do sono. E ele nos faz toda diferença. Se dormimos pouco ficamos com olheiras, défict de atenção, impaciência e moleza. Se dormimos muito ficamos do mesmo jeito! Certa vez uma amiga me garantiu que o sono é retroalimentado. O que ela queria me convencer era de que quanto mais dormimos, mais precisamos dormir. O que fazemos com frequência é idealizar o sono. Aliás, romanceamos o sono. Uma noite longa, tranquila, regular, de preferência fechando os olhos vendo a imagem do ser amado, e abrindo os olhos calmamente pela manhã e já o enxergando. Parece bonito, mas não é. É a visão do inferno! Já se olhou no espelho ao acordar? Tem condição do amor surg

Se evolui, o quanto me influi?

Os jornais têm matérias diversas. Há algumas dedicadas ao futebol, outras à política e ainda há as que se dedicam a economia, cultura ou ciência. Não importa muito se você abre o segundo caderno, o caderno de esporte ou o de economia. O que está por trás das notícias é sempre uma idéia de evolução. É incrível, não se pode estagnar, tudo tem que evoluir. E evoluir é tanto apresentado como uma aspiração quanto como um temor. Compreendo bem que a vida é dinâmica, mais pra a mobilidade do que para a estática. Mas os extremismos me apavoram. Não à toa um dos argumentos imagéticos que mais me apavora é a do evolucionismo de Charles Darwin. Eu não duvido um segundo que os seres humanos se transformam, ou se adaptam, ao ambiente. Todavia não acato a idéia de que o homem descende do macaco. Ninguém me convence de que quando vou ao zoológico faço visita aos meus primos. Por mais pêlos que brotem pelo meu corpo, por mais envergada que se torne minha coluna, não tem jeito. Eu acho um ser human

A saia justa é o uniforme da modernidade

O cenário da modernidade é o da instabilidade. Tudo é volúvel, guiado por uma dinâmica cujo fluxo não temos controle. Dito isto imaginemos duas situações. A primeira uma reunião de família e a outra uma de amigos. Mesa posta, várias comidas, um burburinho vindo da cozinha, pratos e talheres já a postos, a televisão na sala sendo zapeada sem que ninguém fale nada, até que a comida é posta na mesa. Começa aquele vamos nos sentar, vamos comer, vem pra cá, vem fulano, chega pra lá e todos se servem e se acomodam. Entre o ruídos dos talheres, surge um minuto de silêncio. Logo olham para o ser que tem entre 20 e 35 anos e perguntam: e aí, o que você ta fazendo? O sujeito para de comer na hora, pensa em como compor um discurso que não vá causar choro ou pânico na família. Dá uma pausa e fala que está com um contrato temporário de seis meses numa empresa. Não entendendo bem o avô pergunta se tem carteira assinada. A pessoa inquirida quase morre, pois essa tal carteira de trabalho mencio

O erê

Não adianta negar, todo mundo já foi criança. E não foi um dia, foram vários. Ninguém nasce adulto, nem Sidarta, nem Jesus Cristo, nem Matusalém, nem Hittler, nem Napoleão, nem ninguém. Por mais desconfortável que seja acreditar, até o Cid Moreira, a Dercy Gonçalves e a Zilca Salaberri foram crianças. A criança precisa cuidados, carinho, atenção e de amparo dos pais e do Estado. Há um estatuto apropriado em prol do seu pleno desenvolvimento social. A nossa sociedade introspectou de forma decisiva a concepção de que a criança é um ser que precisa se desenvolver até estar apto para ser socialmente atuante, reprodutivo e, mais que tudo isso, produtivo. Mas não foi sempre assim! Ainda no início do séc. XX as crianças eram numerosas na mão-de-obra que tocava tecelagens e industrias diversas, além de exercerem outros pequenos trabalhos domésticos, no comércio e até na agricultura. E hoje, a realidade é diferente? Os otimistas diriam que sim, os pessimistas diriam que não. O component

MEME

Não sou muito acostumada com tal coisa, mas Patrícia Andréia me enviou um meme (eu fui correndo ao blogger pra saber que porra era essa) pra listar as maldades que eu ainda pretendo concretizar. Primeiramente, nem tenho parâmetro pra distinguir o que é ou não maldade, mas vamos tentar. 1) Imprimir 100 folders com os dizeres “morena linda, sensual, boca de veludo, frente e verso, pronta pra te levar à loucura. Atendo individualmente e em grupos”, e no contato imprimir o número de celular um certo ex, e espalhar esse folder por telefones e banheiros públicos pela cidade. 2) Escrever um dossiê dos podres mais podres de uma série de filhos da puta que conheço e publicar em lugar de destaque num periódico de publicação diária, de grande tiragem. 3) Colocaria um microfone em cada vereador e colocaria linkado direto numa freqüência de rádio. Seria como um big Brother, só que sem o conhecimento e menos ainda o consentimento do sujeito. 4) Essa é velha: promoveria um mega evento no mar

Quebrando o gelo

Quando os termômetros registram menos de 18º eu já dou o dia como duro. Acordar não é acordar, é sofrer mais do que em condições normais. E o que dizer do banho? É pensar nele e não levantamos mesmo. O jeito é tirar a coberta aos poucos, entoando as palavras de força: eu vou vencer. Sim, vencerei, mas só daqui uns minutinhos. Se aconchega novamente no travesseiro, pensa que piscou o olho, mas dormiu mais meia hora. É preciso tomar uma decisão urgentemente: fechar os olhos só mais um pouquinho. Se encolhe daqui, se ajeita de lá, até que não tem jeito. Da cama para o banheiro! Que dificuldade se acostumar com a dura temperatura fora dos cobertores. Vai à pia escovar os dentes, lembra que a água é fria e acha melhor escovar os dentes durante o banho. Enfim, banho tomado. E a roupa? Casaco tem dois tipos: os bonitos e os quentes. É porque os que aquecem são preenchidos, estragam as formas, e faz todo mundo parecer um tonel, um tambor, ou algo que o valha. Inverno é sempre assim. As

Podia acordar feliz (parodiando Cazuza)

Hoje acordei com o humor ruim, meio mastigada. Calma, podem prosseguir na leitura pois não irei descrever passo-a-passo o meu cotidiano. Já passei da idade! Mas enfim, o humor tá na sola do pé. Tenho duas causas possíveis para o humor desagradável.O tombo que levei ontem a noite, ou os pesadelos que embalaram meu sono. Talvez até a combinação dos dois seja a causa mais provável. Noite calma, todos em casa exceto minha mãe. Quando minha mãe mexe na maçaneta da porta eu avanço pela sala num salto para assustá-la. Meu pé agarra no pé do sofá, meu corpo girou numa semi pirueta, fui lançada contra a parede, não consegui apoio e fui direto ao chão. Imagina isso no apertamento em que eu moro. É um apertamento de primeira. De primeira porque se jogar a segunda vaza pela janela! Não é fácil arrumar 1,60m para poder lançar meu corpo ao chão. Eu arrumei! E se minha intenção era a de assustar minha mãe eu consegui. Aliás, não só ela. Assustei minhas irmãs, meu pai e até meu cunhado. O tombo fo

Em homenagem ao dia dos namorados, falemos de modernidade!

Estive ouvindo, falando, vendo e lendo sobre o amor, relacionamentos e casamentos. Se notar bem, a temática já vem na seqüência. Vivemos um momento não exatamente de crise do amor, mas de inadequação. Penso em algo como um descompasso entre o ideal romântico, o ideal moral e o ideal moderno. Em comum aos três o fato de não se ajustarem perfeitamente à realidade. O romantismo é moderno. sheakspeare é um divisor de águas da emergência do eu, do indivíduo, frente as tradições, o poder da comunidade, sua imperiosidade frente ao sujeito. Antes de Romeu e Julieta o casamento nada tinha a ver com um ideal romântico. Era um acordo familiar que pregava a união de dois indivíduos, sem contar muito com a escolha, com a decisão dos que se uniam. Em Romeu e Julieta nasce o amor romântico. O ser não mais aceita as imposições de sua comunidade, do seu grupo, de sua família. Ele passa a decidir, ele escolhe, ele se apaixona, ele ama. E ama profundamente e padece desejoso dessa união que fere e de

Um anjo safado/o chato do Querubim

Amy Winehouse é a mais nova habitante, ou o entretenimento mais atual, da imprensa mundial. Na internet, nos tablóides, nas revistas, nos jornais, no rádio e na televisão, só dá Amy. Antes dos escândalos eu ouvia a música rehabit, adorava a melodia, ficava tocada com a letra e seduzida pela voz. Acreditava tratar-se de uma musa negra. Mas era ela, Amy Winehouse. Eu não ligava a voz à criatura. E que criatura! Ligando uma coisa a outra, passei a ver fotos da cantora. Primeiro achei que ela tinha algum parentesco com primo Itt, dos Adams, ou Marge Simpson. Que cabelo! Era como um ninho, um mafuá, um aglomerado, um tufo em forma de cone, era uma voz e um cabelo. Não tardou para eu perceber que o sorriso não era o da Mona Lisa, mas nele havia um mistério. Faltava um back lateral, um centro-avante, não sei bem. O que sei bem é que o time tinha um desfalque. Agora era uma voz, um cabelo e um sorriso. E assim fui construindo Amy. Em pouco tempo o corpo dela começou a aparecer

Saltando fora

Eu não preciso me desgastar tentando explicar algo que vocês presenciam em suas vidas cotidianamente: a televisão influencia o comportamento das pessoas. Essa afirmativa, creio, tem mais de consenso do que de discórdia. Não sou uma audiência muito vigorosa, mas por conta de uma torção no pé estive exposta àquela luz que ilumina nossas faces e obscurece nossas mentes. Vi um comercial da Tim Web. Várias pessoas jovens jogam o modem de um para o outro, fazendo acrobacias. Eu entendi bem, ou só jovens estilosos acessam a internet sem fio? E pior, pra acessar têm que fazer acrobacias? Aquilo me deixou complicada! Mas não parou por aí. Lázaro Ramos numa festa da Ingrid Guimarães se enche de beliscos e começa a passar mal. Toma sal de frutas Eno, vai dançar e, pasmem, dá uma pirueta. Logo, concluí, pirueta faz bem pra digestão. É isso mesmo? Agora, o que dizer de Dan Stulbach no comercial do Itaú. Ele dança break, ou street, não compreendo a dança, não compreendo o que ele fala, não acompanho

A pobreza em vários atos

Estive uma temporada afastada, forçosamente, da internet. Nesses dias de abstinência pensei num milhão de coisas para escrever. Aliás, cheguei a fazer a composição das idéias para meu cunhado. Ele riu um bocado. Mas pra ser sincera, olhando pra minha cara raramente alguém não ri. Então as vezes chego a achar que pouco importa o que eu tenho pra dizer, pois importante mesmo é como eu digo. Agora, escrever é outra coisa! Mas mesmo perdendo um tanto o efeito em comparação com minha atuação oral, insisto em escrever. O tema do meu discurso era o sabor e o dissabor de ser pobre. Certamente eu não conheço muitas pessoas ricas. Se é que as conheço. Enfim, a pobreza nos rodeia, nos entranha, nos consome. O pobre é o elemento essencial da modernidade. O pobre é a engrenagem do capitalismo. Já pararam pra calcular quantos miseráveis são precisos para fazer um só rico? Muitos! Observando as coisas ao nosso redor é que eu noto como pobre é predado pelas artimanhas do sistema. E o mais expres

As verdades que o vento leva

Eu sempre digo, ninguém mente sozinho. Pra mentir é preciso no mínimo duas pessoas, uma pra mentir e outra pra acreditar. A cada dia estou mais convicta de que as pessoas não têm pudor de mentir. Há quem acredite que mulher minta mais que homem. Mentira! Mulher faz atuações realmente mais sofisticadas, porém mentir por mentir não há como reduzir o feito dos homens. Ou seja, a mentira, em termos quantitativos, não pode ser avaliada por gênero. Eu estava na barca, ouvindo a conversa alheia. Até aí, tudo sem novidade. Atrás de mim três mulheres me entretiam com sua conversa. E o assunto, tenho até vergonha de dizer (mentira!), era sexo. Começou com uma dizendo que a primeira vez que fez sexo foi na lua-de-mel. Com essa declaração minhas orelhas ficaram mais em riste do que o membro do noivo. Se a conversa começava com uma mentira destas, daí por diante eu poderia morrer, mas minhas orelhas haveriam de continuar vivas para registrar tudo. Então, a conversa estava apenas começando. Ainda ti

O Rio de Janeiro não envelhece, ganha charme e elegância

A cidade amanhecia sob uma brisa leve e morna e um sol tímido. Poderia ser uma manhã como outra qualquer, mas era o dia oficial de sua fundação, 1º de Março. E eis que o dia não haveria de passar sem devido proveito. Charmosa por si e maravilhosa pela exaltação de terceiros, em vários bairros os cariocas extravasavam sua paixão e carinho pela cidade, em comemorações de estilos mais diversos. Da zona norte a zona sul a bossa nova, o samba e o choro ditavam o ritmo da festa. No centro, junto aos arcos da Lapa, a noite de muita empolgação num show ao ar livre comandado por Elba Ramalho brindou a cidade com um presente inestimável. Num palco de dimensão generosa, Elba ia de um lado a outro, cantando e dançando muito entusiasmada pelo aniversário da cidade, tão carioca que a cantora não é. Rente ao palco até a distância de uns 300 metros uma multidão se estreitava e se entretinha.Nem sei o quê faziam mais, mas lá estavam. Os esbarrões são como termômetro do entusiasmo de um evento popular,

O que o trabalho inspira

Em 1880 a princesa Isabel assinou um famigerado documento que decretava o fim da escravidão no Brasil. E assim, por um documento, sem mais nem mais, foi abolida a instituição que durante séculos forneceu mão-de-obra para tocar uma colônia que hoje tem sua soberania e chamamos de país. Das milhares de indagações a respeito desse processo e de suas conseqüência nesse minuto me instiga como conseguir uma percepção positivada do trabalho. Como não relega-lo às pessoas que não têm liberdade e/ou escolha? Como não tornar o trabalho uma ação pejorativa? Para os brasileiros a resposta a esta pergunta é tão simples que chega a ser despropositado se indagar. A resposta é FINGIR QUE TRABALHA. Os índices de desemprego, o afrouxamento das leis trabalhistas, as pressões mundial para adoção de medidas neo-liberais, tudo o mais é nada frente ao poder debochado do brasileiro de lidar com situações adversas. Conheço muitas pessoas que não tem emprego fixo, várias que têm a carteira de trabalho virgem, a

Meio confuso falar do Meio Ambiente

Vivemos um período em que os analistas que têm ejaculação precoce já chamam de pós-neoliberalismo. Deixemos que eles se divirtam em detectar o presente como passado e o futuro como presente, sem que sequer acreditem que esse presente virá. Tratemos de algo que está na ordem do dia, a preservação ambiental. O primeiro fator a ser levado em consideração é que, estejamos onde estivermos, fazendo o que for, o mundo ta dando suas voltinhas. Se você ficar de olho ele gira, se piscas ele gira também. Essa frase pode parecer, e até é, imbecil. Mas ela identifica um tanto da postura de quem vos escreve. Anotem! Quando em 1945 bombas atômicas foram arrogante e covardemente lançada sobre as cidades de Hiroxima e Nagasaki, o mundo se estarreceu com o seu poder de destruição. As regiões afetadas, excluindo as inestimáveis perdas humanas, sofreram e ainda sofrem com impactos ambientais. Sem adentrar nas especificidades de clima, terreno e vegetação, as bombas foram decisivas para as pararem pra pens

Nem te ligo!

Dia desses falava com uma amiga ao celular. Foi quando avistei meu ônibus, me despedi e fiz sinal pra ele parar. Entrei, preocupada em pagar a passagem e pegar o troco. Preocupada mesmo, pois pode parecer banal pra qualquer pessoa, mas tenho a cara mais “boba” que suponho haver no mundo, então toda atenção é pouca. Sem atenção, me passam o troco muito errado, ou certinho, só que em moedas. É sério! Já houve circunstância em que paguei com vinte e levei troco de quem pagou com cinco reais, e até mesmo já ocorreu de um cobrador me dar um troco de cerca de dezessete reais em moedas. Isso não é pra qualquer um. Só mesmo tendo a cara de babaca que eu tenho. Aliás, quem quiser comprovar minha tese, basta andar comigo e verá situações tão inusitadas quanto ridículas em respeito a minha cara de trouxa. Deixando minha cara de trouxa de lado, estava eu no ônibus, com o troco conferido, caçando um lugar mais ou menos pra fazer a viagem. Parei entre as bolsas de um cara e a bunda enorme de uma moç

Investindo em ajustes finos

Atendendo a pedido. Sim, no singular, um pedido, atualizo esse blogger. Foi um pedido único, exclusivo, nominal. O pedido, na versão esculacho diga-se de passagem, foi de Luciana Ribeiro, vulgo Magrela. Irei então atualizar o blogger, não obstante ao meu hábito de deixar inflacionar os comentários, coisa que em abono da verdade não vem ocorrendo. Já notaram que todo mundo reclama? Abre-se a boca covardemente mais para reclamar do que para elogiar. Eu, por exemplo, sou uma confessa adepta da reclamação, ainda que as coisas estejam bem. É uma versão manipulada da doutrina progressista de que tudo pode ser melhorado, um tanto na base conservadora e autoritária. Alivio um pouco a autoridade, pois tenho aversão. Aversão à alheia, visto que a minha é esclarecida. Rogando-me poderes ordenar um mundo próprio, à guisa de minimizar a quantidade de reclamações eu assevero que: Só haverá dia de sol quando não chover. Tal e qual, só fará frio quando não fizer calor. O meio termo e o mormaço estão p

Sobre homens, cães e gatos

Eu penso num sem número de assuntos e pautas para escrever ao longo do dia. Basta sentar na cadeira, em frente ao computador, e uma aridez toma conta de mim. A cadeira esvai minhas mais férteis idéias. Mas não me dou por vencida. Alguém quer comprar uma cadeira diretor giratória na cor azul? Favor, fazer contato. Tenho urgência e o preço é uma bagatela. Enquanto o futuro dono da cadeira não se manifesta, lanço mão da técnica, vai escrevendo qualquer merda, deixando fluir até que a idéia boa apareça. Então, acho que estive pensando nas diferenças. Grande bobagem, pois é ordinário pensar nas coisas em pares de oposição. Eu penso em trios, quartetos, quintetos e até sextetos de oposição. Mas não larguem a leitura, prometo lhes poupar de enfadonhas comparações. Mas como eu ia expondo, me ocupei do comparativo mais mastigado do mundo, homem e mulher. Minha irmã ontem a noite leu para mim um comparativo do Luis Fernando Veríssimo e ele escreve tão bem, tem idéias tão claras e geniais, com