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Mostrando postagens de 2013

A saída como um bom negócio

Sair, sentar em algum lugar, conversar com os amigos, comer e beber. Nada mais simples e agradável. No entanto, esse momento de descontração muitas vezes gera pequenos constrangimentos, noutras até problemas. Entre os constrangimentos comuns está a luta para atrair a atenção de um garçom, a paciência para esperar pelo pedido, que com fé virá certinho, e a famigerada conta. Esses três elementos pode-se dizer que estão no pacote. As pessoas já têm um know how para atrair o garçon, que vai desde chamá-lo de Roberto Carlos até o contar piadas e deixar o sujeito familiarizado; para dialogar sobre o erro do pedido, aceitando ou não a nova versão; e até para brincar com o que está a mais ou a menos na conta, elaborar novas regras matemáticas, enfim, fazer do erro um motivo bem humorado para alcançar um acerto. Mas há situações em que os constrangimentos escapolem do repertório, ficando sem uma fórmula certa para resolução. Recentemente passei por alguns constrangimentos que tive dific

Francis Ha

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O cinema faz sonhar. E o que dizer do cinema que retrata a vida de quem sonha? Este é o caso de Francis Ha, uma jovem que sonha enquanto vive, ou vive enquanto sonha. Seu desejo é levar a vida dançando e dividir apartamento indeterminadamente com uma amiga. Dos tropeços de Francis, dança abaixo da graça e eficiência de um profissional e confia que a afinidade com a amiga se sobrepõe aos casos amorosos. Conforme a vida segue, os sonhos vão ruindo. E o trunfo de Francis é a capacidade de projetar seus sonhos para os amigos e familiares enquanto amarga uma dura realidade. O essência do filme é juntar em uma personagem um pouco do que habita em todos nós e nos lança no mundo, devidamente salpicado com o que na modernidade nos aflige. E no hiato entre as expectativas e a realidade Francis amadurece, contudo, sem perder o charme naïf, que pela poesia do diretor vai criar o título do filme.

Questões pontuais sobre as manifestações que agitam o Brasil

1 - Ação da Polícia (aparelho repressivo do Estado) A segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. É exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Todavia, os orgãos constitucionalmente reconhecidos não apresentam ações eficientes no que tange suas funções. Tomando como casos emblemáticos a atuação da polícia frente a Manifestação no Centro do Rio e na Favela da Maré, a preservação da ordem pública foi um argumento inconsistentemente utilizado para justificar a ação violenta contra as pessoas. Esses episódios instigam uma reflexão do quanto a polícia é uma entidade que emana para a legitimidade do Estado, e do quanto a polícia se expressa como uma entidade autônoma. 2 - Forma Política ( Democracia / Participação / Partidos / Movimentos Sociais ) As manifestações apresentam uma expressão plural, a qual frequente e convenientemente é subestimada de modo simplista como confusão. Todavia, a confusão pode

A parte dos Anjos

Não importa o título, não importa o ano, os filmes de Ken Loach são sempre uma aula de sociologia. O cerne de seus trabalhos é dar visibilidade para os elementos que fragmentam ou conferem coesão para a sociedade. Opera as tensões da conjuntura social, econômica e cultural, valendo-se do drama do homem ordinário, sujeito que produz a história do seu tempo em ações cotidianas. Que a atualidade pode ser resumida a crise não há originalidade. Que há uma tendência mundial  em transformar relações humanas em oportunidades para empreender lucro, tampouco. O quê então pode ser expresso sobre a atualidade, sem alimentar a falácia neoliberal? As qualidades humanas para reagir e superar condições adversas. Indo para o filme, em um tribunal alguns indivíduos são julgados. São pessoas comuns, nem boas nem ruins, que por embriaguez ou mera revolta pela condição de excluídos cometeram delitos. Nenhum deles é exatamente nocivo à sociedade. Enfim, são apenados com a prestação de se

14 de Março - Dia da Poesia

Mar anda E vê-la hoje me surpreendeu não por vê-la em si mas por sentir subitamente a empolgação e ternura da vez primeira, da dose última A sensação era uma novidade antiga salpicada de distintos desejos O que fazer com os dias e as noites? Que significados dar para a vida quando não se sabe onde ou como está o desejo? Se perdido na nicotina ou no alcool alheio Ou se pervertido no consentimento de impossibilidades Mareando outros mares Fertiliza novos ares. (Priscilla Oliveira Xavier - 16 de Janeiro de 2013)

Django Livre

O cinema de autoria vez por outra é posto em uma espécie de Tribunal de Nuremberg.  E o julgamento não deixa de ser válido, afinal, é uma forma discursiva de garantir que outros tipos de produção tenham espaço para "circular". Entre as acusações mais frequentes ao cinema de autoria constam a produção para massa, a padronização estética e demais reducionismos na ordem cultural. Mas apesar dos argumentos que facilmente o condena, o cinema de autoria tem muitos méritos, e os diretores consagrados não vacilam. E um exemplo extraordinário dessa espécie de superação, ou da necessidade de satisfazer o gosto do freguês, é Tarantino. Supondo uma gramática cinematográfica, Tarantino seria um sinônimo de violência. E que violência! Mas no cinema há tiros e tiros. E um cinéfilo jamais confundiria um tiro de um filme do Tarantino com, por exemplo, um tiro de "Rambo", "Duro de Matar" ou "Exterminador do Futuro". Mesmo fazendo o