Até então, só o ano é novo
Momento de clichês. O primeiro a ser descaracterizado é o “ano novo, vida nova”. Para mim, ano novo, e a bobeira de sempre. Contudo, se a frase não denota agencia transformadora, a temática que inspira meu post sim. Darei um pulo esse ano. Minha famigerada carteira de trabalho virgem esse ano será inaugurada. E não será uma inauguração qualquer, será em grande estilo.
Eu estive pensando que eu penso muito. Enquanto eu penso tem gente que faz. Eu pensando merda, e um bando de gente executando. Arregaçarei as mangas. Para ser mais franca, não me contentarei num mero arregaçamento, irei mesmo me despir. Andei vislumbrando profissões e mais profissões, e basta de me esquivar desta ou de outra atividade por preconceito ou algo que o valha. Quem quer trabalhar, trabalha.
Então, dia desses numa boate de reputação não das mais familiares eu vi que estava a um passo para mudar de vida. Ambiente escuro, com luzes coloridas piscando confusamente, música alta, várias pessoas se movimentando querendo passar tal movimento por dança, e eis que de uma parede brota um palco. Sim, a parede se desmancha e dela vem uma espécie de plataforma. Coisa de louco, hiper precário em estrutura, mas interessante em idéia e efeito.
O palco era o cenário, a trilha era uma batida envolvendo tendo ao fundo a voz desenxabida da Nely Furtado. Adentram dois dançarinos, um rapaz e uma moça, ambos fantasiados de marinheiro. Iam de um lado a outro do palco dançando, até que por uma espécie de transe danaram a se livrar das roupas ao embalo da música. A música não é das mais longas, e em no máximo quatro minutos ambos estavam nus em pêlo. Aliás, nem pêlos a mulher tinha.
É isso! É isso que eu quero para minha vida. Dançar num palco, e arrancar minha roupa como nada fosse. Não sei bem a remuneração para tal tipo de serviço. O que sei é que não é nada tão simples quanto possa parecer. O rapaz, para fazer bonito, dançar pelado e armado. Sim, ele não desanimou um só minutos. Me causa curiosidade extrema saber como ele se concentra na música, na coreografia, interage com o público e consegue deixar o membro em riste. Aprendi o termo “em riste” lendo muitos instrutivos contos eróticos, e aconselho que a pessoa que me lê nunca perca a oportunidade de experimentar uma leitura dessa natureza. Enfim, reconheço e valorizo o feito do rapaz, absolutamente encantada! Já a moça, embora não tenha que mostrar mais vigorosamente seus dotes, ilustra aos que têm argúcia toda a coragem de um ser. Depilar-se na íntegra, incluindo a faixa de gaza (eis uma região de intensos conflitos) é algo surtado. Para fazer um bigodinho de Hitler fartas são as furtivas lágrimas, quiçá devastação. Nem sob o poder de psicotrópicos se faz algo do tipo sem violenta sensação de dor, para não mencionar o desespero.
Todos são testemunhas que eu tentei. Eu bem tentei me estimular para mudar de vida, mas o ano novo, por ora terá que esperar para ser acompanhado por uma vida nova. Quem souber de uma atividade mais condizente com vinte e quatro anos de investimento acadêmico, favor, entrar em contato e/ou deixar e-mail ou endereço para envio de currículo. Enquanto nada aparece, continuarei pensando e até escrevendo merdas. Nada de prática!
Comentários
meu blog continua estático, Morfeu não me abandona.
Feliz ano novo, com vida antiga.