Chove chuva/chove sem parar

Ontem foi um dia chuvoso. Aliás, a chuva foi a personagem principal do dia, não saiu de cena um só minuto. Por vezes sua atuação era rala, fraquinha, mas sempre ela em cena. A baixa temperatura e luminosidade me enterraram no sofá, numa falta de postura muito convidativa a um cochilo. Pensei logo que num dia assim Djavan bem compôs: um dia frio/um bom lugar pra ler um livro. Segui tal sugestão.
Eu diria que sou uma completa devassa no quesito leitura. Tudo bem, talvez até em outros mais que não vêm ao caso. As vezes me incomoda não conseguir ler apenas um livro. Adoraria a monogamia que me levaria a consumir ávida e disciplinarmente um livro por vez. Minha tara, impaciência e leviandade me fazem ler, na atualidade, três livros. Diga-se de passagem que a quantidade é nada mediante a diversidade. A saber, leio “Poço da Solidão”, de Mary Radcliff-Hall, “Na trilha do Jeca” de Enio Passiani e releio de Bukowski,”Crônicas de um amor louco”.
Essa promiscuidade pode parecer sem critério. Não é! Leio cada livro em ocasiões e ânimos diferentes. Já até li livros com temáticas aproximadas, e desaconselho. O Livreiro de Kabul e o Caçador de Pipas em algum momento em minha mente se tornaram uma só história, não sei ao certo se num momento de fuga ou se num bombardeio. Enfim, Inês é morta e minha covardia potencializada pela ignorância homogeneizante da cultura islâmica já foi posta em prática. Sobre as leituras cuidadosas de temáticas distintas, ocorre de um livro ou outro sumir. Pior do que isso, é que justamente quero ler o que está sumido. Enquanto ele não aparece eu não leio. E ontem isso ocorreu. Minha irmã levou Bukowski de refém para o trabalho. Eu apenas soube disso a noite, mas era tarde e a vontade e necessidade de ler já tinha passado. O jeito foi partir para a segunda atividade condizente com um dia chuvoso, ver filmes.
O DVD player aqui de casa não tem marca. Para ser exata ele tem raça, e é ordinária. Foi comprado por um preço módico, praticamente simbólico, e eu costumo contar a história dele dizendo que veio na embalagem de biscoito. Estilo compre três biscoitos e leve o dvd player. Tudo isso é pra declarar que tenho um DVD player, mas é como se não tivesse. Ele já foi trocado, mas apenas muda o defeito. O atual vai travando o dvd de modo que um filme de 114 minutos pode ser visto em 240, contando com a sorte.
Resta a TV por assinatura. Eu queria diminuir a fonte que estou escrevendo, como quem fala sussurrando, pois tenho vergonha de dizer que assino a TVA. Assim como o DVD player, tenho TV por assinatura mas é como se não tivesse. Da maneira que for, disponho de uns pares de canais para zapear enquanto a rede globo está no comercial. Pra quem assiste televisão tanto quanto eu tá bom até demais.
A dificuldade de assistir filmes da TV a cabo é a falta de informação. No caso da minha assinatura, nada de nome do filme na tela. Além disso, passa o filme todo sem pausa. No cinema estamos num ambiente fechado, “isolados” de aborrecimentos, preocupações e telefones. Em casa tem campainha, telefone, gente andando, perguntando e o que mais. Então eu “vi” dois filmes. O que deles posso dizer é que no primeiro a Sandra Bullok parece ser irmã de uma bruxa e alguém é acusado de matar um homem. No segundo Robin Willians é um homem apaixonado pela mulher e se amam mesmo que um ou outro vá pra não sei onde, ou faça não sei bem o quê. Se alguém consegue identificar esses filmes, por piedade, eu adoraria que me dissesse o nome e me fizesse uma sinopse. Me salvou um vídeo do youtube, pois me identifico sobreforma com o depoimento do sujeito. Aliás, minha mãe diz que ele é tão escroto ou mais do que eu. Tento tomar como elogio.
De bem feito e completo a única empreitada do dia foi devastar a dispensa. Não é possível discriminar tudo o que foi consumido, mas quando o pessoal voltou do trabalho e viu o lixo abarrotado e as várias garrafas pets ao redor me perguntaram se dei uma festa. Quase isso, excluindo os convidados.
O dia foi isso! Não coloquei o pé pra fora de casa. Esquisito mesmo é eu ficar confinada sem câmeras me seguindo, e sem estar concorrendo a uma bolada ao final do confinamento. Muito estranho mesmo.

O Vídeo: Traficante Cruzeirense


Comentários

Anônimo disse…
Pitty é vc! adorei o blog, vc escreve muito bem. Vou visitar sempre.
beijocas,
Adriana.

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