"A Negociação" bem negociado



Se você ainda não viu o filme, e fica chateado quando te contam a história, pode parar sua leitura por aqui.

O gala Richard Gere está de volta. Mas não esperem nesse retorno o mesmo nível das produções que o consagraram. E Susan Sarandom também reapareceu! Eis dois atrativos que adoçam a boca dos amantes do cinema, tornando “A negociação” uma produção a ser conferida.

De Nicholas Jarecki, o roteiro é bom. Um mega empresário, no suposto auge de sua carreira, decide mudar de vida e vender sua empresa. A decisão desperta suspeitas de sua filha, e antes de conseguir fechar esse grande negócio o empresário de envolve em um sério acidente automobilestico com sua amante. E as consequencias do acidente comprometem todos os seus planos.

 Essa é a base para o roteirista explorar questões éticas. Aborda desde o mundo dos negócios, passando pelas tramas policiais e jurídicas, sendo incisivo nas tensões sociais como o racismo e as relações de afeto e confiança na célula familiar.

A essência é a sociedade do contrato. Para todas e quaisquer situações há uma percepção racional, dura, calculada e expressa em papéis. O contraponto é a necessidade humana do afeto e confiança na palavra. Eis onde o grande negociador consegue perceber a diferença que há entre as pessoas, embora não seja explícito o quanto essa diferença é boa.

Em termos técnicos o filme não chega a empolgar. Embora honesto, não são poucos os erros na edição, nem numerosas são as ousadias que compensariam falhas. As atuações se equilibram bem em um texto fraco de uma história muito boa, com todo potencial de crescer e se tornar um filmaço. Cabe então reconhecer que a promessa era grande, mas o que se cumpriu exige muito boa vontade do espectador.

E eis que minha boa vontade recai para a metáfora que brutalmente fecha o filme, a de uma celebração à caridade feita para um hospital oncológico. E tal como o cancer é a degeneração do organismo por conta da atuação de células defeituosas, a sociedade enquanto organismo padece por conta de atuações viciadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tirania, autoritarismo ou despotismo

Corremos para os braços de Morpheu

Se evolui, o quanto me influi?