"O Artista" ou a metalinguagem premiada

O mundo acelerou. A vida e as formas de comunicação, consumo e entretenimento se sofisticaram. E o registro dessas mudanças pode ser feito tanto de forma acadêmica, sistemática, rigorosa e critica, quanto de modo sensível. Traçar um panorama técnico e social da evolução do cinema em Hollywood, de modo sensível, a partir do drama do Artista, parece ter sido a feliz ideia do roteirista e diretor Michel Hazanavicius. Filmando em preto e branco e “sem som” o que era uma feliz ideia transformou-se em virtuosa ousadia.

O artista, comediante de cinema mudo, com uma carreira gloriosa, em meio aos flashes se depara com uma fã. A fã passa a fazer figuração e ao reencontrá-lo o encanto foi o sentimento recíproco. Ele dá para ela o toque de Midas, o diferencial, uma pinta no rosto. A partir de então as trajetórias profissionais se invertem. Ele vai do sucesso ao esquecimento, e ela do anonimato ao sucesso.

O romance atravessa o período de crise do pós guerra, revela as mudanças técnicas de produção, das características dos atores e das formas de divulgação, acompanha ainda a ascensão de galãs e musas, a maior elaboração dos cenários, maquiagem, caracterização e figurino, até resgatar “O artista” em um musical.

A indicação ao Oscar fez jus à atuação da dupla Jean Dujardin e Bérenice Bejo. Ambos dominaram e imprimiram veracidade aos seus cativantes personagens. Já o filme, embora maravilhoso, garantiu o Oscar mais pela metalinguagem do que pelo conjunto da obra. Válido!

Academia e suas premiações controversas à parte, que filme deslumbrante. E não se pode encerrar um comentário de O Artista sem falar no arrebatador dos sorrisos e da simpatia de qualquer plateia, o cão. Difícil sair do cinema sem vontade de adotar um melhor amigo.

Comentários

Marta disse…
Preciso perguntar: e você, premiaria quem como melhor filme de 2011?
Pitty que Pariu disse…
Dos que vi, "Meia-noite em Paris".

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