Fazendo as malas

Adoro viajar. Até aí, nada demais. Adoro viajar com os amigos. Ainda não há nada de distinto. O caso é que gosto da viagem em si, da companhia dos amigos para ter com quem partilhar os momentos e os apetrechos. Sim, os apetrechos.
Todos levam tralhas. Eu também, só que entre minhas tralhas está quase que exclusivamente minhas roupas. Nem sempre minha bagagem é a menor, contudo, é sempre a mais leve. Nunca levo produtos de higiene!
Nada de sabonete, shampoo, condicionador, defrizzante, desodorante, pasta de dente, pente, creme hidratante, protetor solar, repelente, soro, aspirina ou qualquer outra coisa do tipo.
Engana-se quem pensa que fico suada, fedida, sem lavar os cabelos, sem tomar banho, sem escovar os dentes, sem a pele protegida e hidratada. Ao contrário, uso todos os produtos possíveis e imagináveis, alguns dos quais nem disponho de similar em minha casa.
É um hábito que adquiri há algum tempo e que venho me especializando. Funciona em duas possibilidades. A primeira é a de um estudo antropológico/sociológico de enquadrar meus amigos em nichos para tais e tais produtos. A segunda é a de, na experimentação, saber da qualidade do produto e se ele me satisfaz.
Dessas suas possibilidade, nenhum produto é tão rico na análise quanto o shampoo. ADORO! Faz parte dessa análise a leitura do rótulo, composição, preço e modo de utilizar. É divertidíssimo.
A primeira constatação é a de que eu sou a única de minhas amigas que tenho o cabelo NATURALMENTE cacheado, na linha crespo, claro e curto. Se eu fosse uma pessoa que me deixasse abater, ficaria realmente mal. Minhas amigas de viagem têm cabelos longos, no mais das vezes lisos e oleosos. Mas quando eu lavo meus cabelos com os shampoos delas nem noto tanta diferença. A maior diferença é mesmo o cheiro. Em verdade, shampoo é pra lavar o cabelo e essa conversa de frizz, cabelo rebelde, oleoso, e coisas mais são constatações, contudo, um produto que favoreça os cabelos assim ou assado ainda não faz parte das minhas crenças. Shampoo é pra lavar os cabelos, e ponto.
Os condicionadores sim, têm diferenças enormes. As amigas suvinas têm aqueles potes enormes, condicionador em litros, com listras de cores variadas, denominados coquetel de frutas. Claro que uma fruta nunca passou nem de longe na composição desses produtos. As amigas mais dispendiosas compram condicionadores de potes modestos em tamanhos e preços exorbitantes. O coquetel tem que usar sem moderação, deixar agir por alguns minutos e enxaguar. Os demais têm que usar pouco, esfregar apenas nas pontas e em pouco tempo enxaguar. O de coquetel facilita mais o pentear, contudo, quando seco parece residual, pois fica um tanto áspero. Os demais não facilitam tanto o penteado, porém quando secam deixam os cabelos bem sedosos. E o cheiro? Quanta diferença! O coquetel fica um cheiro de gordura com desinfetante de pia, os demais têm cheiro próximo ao de shampoo, muito mais agradável.
Os cremes para pele fazem mais diferença. Não aquela brincadeira de mal gosto de creme para pele negra, mas o de pele mais ou menos oleosa faz toda a diferença em relação a ficar mais ou menos ensebada.Tem a questão do rendimento, alguns precisam pouco e abrange uma grande região, outros é preciso uma besuntada generosa. E claro, mais uma vez, a grande diferença é o odor.
O desodorante é algo revelador. Há mulheres que, por acreditarem transpirar demais, usam o desodorante masculino. Pessoalmente não curto o cheiro de macho dos desodorantes. O mesmo não pode ser dito em relação a perfumes em si. Mas desodorante masculino é aquele que conforme a pessoa transpira vai ficando um cheiro de jaula. Prefiro os femininos, quanto menos odor melhor. Me irritam os desodorantes que têm cheiro de talco. E também me dá enjôo os que têm perfume doce, como o de rosas, de flores, me dá vontade de cheirar um pinico de merda.
O dentifrício já tenho predileção até na experimentação. Prefiro sempre em gel. Os que são em pasta têm o mesmo sabor, mesma cor e mesmo odor, todos desagradáveis. Em gel há verde, vermelho, azul, transparente com bolinhas brancas, azul clarinho, uma variedade. O sabor, já provei até um apimentado. O odor, vai desde menta até de guaraná. E assim é o lazer. Com tantas coisas para experimentar, é fácil supor que com amigas prevenidas vou a qualquer lugar!

Comentários

Unknown disse…
Eu já não sinto tanto prazer em viajar, talvez porque viajo sempre pro mesmo lugar. E já fui mais longe que você. Já cheguei a usar a escova de dentes alheia. Eco!
Hheheheh.

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