Exercício do eu

Consigo escrever sobre o cotidiano, de modo engraçado ou sério. Consigo escrever sobre as questões que emanam da esfera política, social ou cultural, de modo imparcial ou inflamado. Porém, para escrever sobre os meus sentimentos sou comedida. E digo comedida porque acredito que me imponho uma espécie de censura. E por mais que eu escreva, tá sempre aquém do que eu sinto e tenho pra externalizar, ta sempre melindroso. É como se a pessoa que escreve, eu, fosse uma entidade, um vulto, qualquer coisa menos humana e mais mecânica. Enfim, se o caso é falta de prática, estou eu pra praticar.

O sentimento central dessas parcas linhas é a frustração. É árduo tecer o que for a esse respeito. Entretanto, a frustração está por trás dos postes nas ruas, e quando menos esperamos ela se atira em nossos rumos. E a frustração tem proporções inúmeras, desde as muito pequenas, até as opulentas. Umas aparecem rapidinho e logo passam. Outras perduram e fazem zombarias conosco nos dias chuvosos de solidão e melancolia.

Minhas frustrações mais freqüentes ocorrem quando faço especulações que envolvem o outro. Não temos qualquer controle sobre o outro, mas insistimos em contar com ele como se fosse uma extensão de nós. Ando me deparando com a frustração mais vezes do que gostaria. Tornar-me inimiga íntima da frustração não consta entre meus objetivos de vida. Ela me faz mais dura e realista do que suave e sonhadora. E se isso é amadurecer, o verde é uma cor linda, quero ser naiffe.

Por hoje o “exercício do eu” me basta!

Comentários

Alguns pensadores disseram que um dos piores males da humanidade é a expectativa, outros disseram que o homem não seria nada sem estas. Não sei qual seria uma verdade maior, porém sei que ambas o são. Já saber qual é pior: em relação a mim ou ao outro, também não saberia dizer-lhe.
Foi bom enxergar-lhe aqui, e sua nuance é bela!

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