Nymph()maniac I


Lars Von Trier assume um título literal e cria imagens que estruturam um relato poético de um comportamento, ou de um vício, complexificado  por tabus sociais e religiosos.

Iniciando, se vale do encontro fortuito de dois personagens: uma mulher que narra sua vida e um homem que a ouve e interage. A partir desse encontro o filme se divide em dois tempos narrativos. O primeiro deles fornece os elementos para acionar o segundo, oras objetos, animais, oras referências literárias ou musicais.

A densidade das emoções que caracterizam os trabalhos de Lars Von Trier, neste filme especificamente é suavizada por um tom de humor. Um tom de humor tão próprio que quase pode ser tomado como de certo mau gosto extremo.

As atrizes que dão vida a uma mesma personagem, em fases diferentes, são firmes na interpretação, indo da banalidade dos atos sexuais para as dores sentimentais incontroláveis com segurança, convincentes e estáveis. E é preciso mencionar o brilho incontestável de Uma Thurman ao incorporar uma desmedida mãe de três filhos, que foi abandonada pelo marido. As falas são improváveis, vexatórias de modo a ser preciso acreditar muito para realizar a interpretação. 

Mais do que um filme Nymph()maniac I é uma promessa, uma prova, um chamariz para a parte II. E nesse propósito funcionou muito bem, deixando o gosto de quero mais mesmo após longos 122 minutos. Afinal, diferente dos demais filmes em série que para cada parte há começo, meio e fim, Nymphomaniac deve corresponder a um só roteiro dividido pelo critério de tempo ao invés do critério narrativo. Supondo um adjetivo para o filme, nunca o fácil ou agradável. Sendo bastante generosa e dando crédito à carreira do diretor, ousaria o instigante.


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