O lobo de Wall Street
Imagine
ganhar dinheiro. Agora esqueça! A receita do lobo de Wall Street é mais que
isso em termos de ousadia. A meta é fazer fortuna. E esse objetivo é perseguido
custe o que custar.
Mais
uma vez o cinema arrasta multidões para delirar com os meandros da riqueza. E
claro, o fetiche, a magia está não na riqueza em si, mas nos caminhos, nos
passos para alcançá-la. Afinal, só assim se coloca a riqueza ao alcance de todo
e qualquer um.
Adaptado
de um livro, em "Quem quer ser um milionário" Danny Boyle narra a
sorte dramática de Jamal, um pobre rapaz que serve chá, em um programa de
perguntas para se tornar um milionário. Na trama o mérito estava em boa dose na
ingenuidade do personagem versus esperteza e até judiação dos envolvidos no valioso
jogo.
Baseado
em uma história real, em "O lobo de Wall Street" Martin Scorsese
inverte a fórmula inocente versus malicioso. O caminho para a fortuna depende
da astúcia do personagem principal em abusar desmedidamente da ganância tola
dos que querem ganhar dinheiro. E a receita é infalível! Com a promessa de
ganhos extraordinários Jordan Belford, interpretado por Leonardo DiCaprio
negocia ações de modo heterodóxo, atraindo a atenção do mercado regular. Em
entrevista, Jordan Belford afirma que não foi exatamente desonesto, pois apenas
tomou partido de brechas na lei.
Se a
questão fosse o fazer fortuna, o filme seria bom. Mas a história de Jordan
Belford é bem mais que isso. A luxúria, a devassidão, a ganância, a arrogância
e o absoluto desrespeito às regras sociais ou jurídicas ditam o ritmo da
escalada rumo ao sucesso, que não raro beira o absurdo. Sexo e drogas eram o
combustível de Jordan e seus comparsas.
A
arte, caracterização e fotografia merecem destaque, climatizando e situando a
narrativa da trajetória do jovem que entra no mercado de trabalho, do
desempregado que topa qualquer coisa em sua área, do empreendedor que
modestamente cria sua empresa, até o grande homem de negócios, desfilando toda
pompa em carros e grifes. Impecável!
O
filme é longo, mas se sustenta bem. Tão bem que seduziu Holliwood, obtendo
cinco indicações para o Oscar. Concorre nas categorias melhor filme, melhor
diretor, melhor ator, ator coadjuvante e roteiro adaptado. Claro que as
indicações envaidecem qualquer produção, mas ganhar nas cinco seria contribuir
demasiadamente com descrédito que deprecia há algum tempo a academia.
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