Preconceito Revisado

O preconceito está banalizado. A palavra preconceito já não é aplicada com o mesmo significado de quando fora forjada. O ordenamento de idéias que irei desenvolver envonlve lógica, filosofia, lingüística, senso comum e demais áreas do conhecimento, portanto, é chato e quem não tiver bagagem cultural ou paciência para acompanhar, por favor, pode parar a leitura por aqui. Para os que se julgam preparados, garanto no mínimo entretenimento.
A palavra preconceito, se dividida tem o seguinte significado. Pré, é um prefixo de anterioridade, e conceito é um julgamento, entendimento, idéia ou opinião. Portanto, um conceito apriorístico, ou seja, um conceito anterior a sua existência.
Em tese resumida, é um julgamento pronto, antes de julgar. E o preconceito foi se inserindo e se intensificando no vocabulário das pessoas. Toda postura, opinião, que não é consensual ou dita “correta” está condenada a ser classificada como preconceito.
Se eu não gosto de um japonês, por exemplo, e deixo isso explícito, logo sou acusada de ter preconceito. Há aí um problema. Eu tenho todo o direito de gostar ou não das pessoas. Se terceiros tomam alguma característica aparente, visual, para justificar meu julgamento, a partir daí eu já não tenho mais nada a ver com isso.
Essa ilustração é eficiente para perceber o quão automaticamente o preconceito é acionado. Tornou-se a coisa mais banal do mundo. Aliás, o sentido denotativo perde muito para conotativo. Não tenho convicção de que o preconceito possa ser descrito, num conceito fechado. Se alguém conseguir tal feito já tem uma fã.
De mais e mais, deu para notar que quando se fala de preconceito a palavra puxa como um ímã um discurso racializado. Pessoalmente, compreendo raça como uma linhagem de características exclusivas, muito exclusivo a animais. Não diminuindo os animais, nem negando que o homem também seja um. O fato é que o preconceito racial como desenhado e disseminado pelo mundo eu o menosprezo como algo na categoria de um “determinismo oftalmológico”. A expressão é minha, pode espalhar pois me responsabilizo pelo que penso. Enfim, você age conforme o que você vê. Feche os olhos e toda a lógica do discurso racializado não funciona. É um defeito de fábrica. Quem invento tal coisa nunca pensou na fragilidade desses argumentos quando cai para a ordem dos sentidos. Não vendo as supostas diferenças, logo elas não existem. E vive-se bem com os olhos fechados para determinadas finalidades.
Cotas para afro-descendentes? Não compreendo. É algo como reiterar, dar força, vigor para um discurso discriminatório, com base no “determinismo oftalmológico”. Cotas para cidadãos de baixa renda? Algo mais plausível. Compreendendo que se deve fazer acertos da base para o pico, um método cartesiano, do mais simples para o mais complexo. Em suma, acho um desperdício de esforços tanto alarde na educação superior enquanto o ensino de base fica num processo acelerado de pauperização.
Percebem o preconceito caminha? Tem um conceito dinâmico demais para ser apreendido, e um uso tão diversificado que quem fala de preconceito de uma maneira, é compreendido por um conceito distinto, não correspondendo. É uma comunicação ruidosa demais.

Comentários

Unknown disse…
Muitas vezes as pessoas não esperam analisar para 'agrupar', tornar um igual aos outros em função de alguma característica. Basta pensar e o preconceito já está ativado.

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